ENSINO Data de Publicação: 03 abr 2019 13:30 Data de Atualização: 03 abr 2019 15:05
Trabalhar com atendimento educacional especializado no Laboratório de Tecnologia Assistiva (Labta) do IFSC, inaugurado na sexta-feira, 29 de março, tem sido uma oportunidade de aprendizado para estudantes do Câmpus Palhoça Bilíngue. O laboratório atende atualmente 10 alunos com deficiências múltiplas do próprio câmpus palhocense e também dos câmpus Itajaí, São José e Tubarão.
A estudante Beatriz Schüssler, 22 anos, do quinto semestre do curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue (Libras/Português), é estagiária do laboratório desde outubro de 2018 e auxilia no atendimento aos alunos e na produção de materiais de tecnologia assistiva. Para ela, a experiência tem sido uma oportunidade de grande crescimento pessoal. “Tenho aprendido muito, principalmente a respeitar o tempo de cada pessoa, pois cada um tem seu tempo”, comenta. Segundo ela, seu interesse em trabalhar com educação especial depois de formada aumentou depois de começar a atuar no laboratório.
No Labta, são atendidos estudantes com vários tipos de deficiências, como paralisia cerebral e surdocegueira, que limitam a capacidade deles de se comunicar e mesmo de compreender o mundo. Alguns têm dificuldade em entender tanto a língua de sinais (Libras) quanto a língua portuguesa. Para tentar contornar esse problema, a equipe do Labta desenvolveu um instrumento para ensinar palavras por meio de figuras.
À frente da elaboração desse material está o estudante Gabriel Henrique Cabral, 18 anos, do curso técnico em Tradução e Interpretação Libras/Português, que trabalha como bolsista no Labta desde fevereiro. “Estou conhecendo bastantes coisas sobre pessoas com deficiência. São experiências novas, que vão além de algo para colocar no currículo. É um aprendizado para a vida”, resume. Gabriel conta que interessou-se por atuar no Labta porque queria conhecer mais sobre como é trabalhar com pessoas com deficiência.
A maior parte dos 10 alunos atendidos atualmente no Labta são surdos e, para auxiliá-los, o laboratório conta com apoio de bolsistas surdas. Uma delas é Gabriela da Costa Viana, de 22 anos, do curso de licenciatura em Pedagogia Bilíngue, que ajuda os colegas atendidos a adquirir conhecimentos de linguagem a partir das imagens.”É um estágio bem desafiador para mim, mas eu tinha o sonho de trabalhar com educação especial”, diz. O trabalho mais gratificante para ela é atender um colega com surdocegueira (é surdo e está perdendo a visão) e auxiliá-lo a comunicar-se.
Inauguração
O Labta foi inaugurado oficialmente em um cerimônia realizada em frente à sala onde está instalado, no terceiro piso do Câmpus Palhoça Bilíngue. No evento, o pró-reitor de Ensino do IFSC, Luiz Otávio Cabral, explicou que originalmente a intenção era criá-lo no Centro de Referência em Formação e Educação a Distância (Cerfead), em Florianópolis, que conta com dois professores de educação especial, visando à capacitação de servidores. O que motivou a mudança foi o fato de o IFSC receber muitos estudantes com deficiência.
“Identificamos o Câmpus Palhoça Bilíngue como aquele que tinha maior necessidade de receber este espaço”, relatou. O objetivo do IFSC é, no futuro, ter um Labta em cada região de Santa Catarina. Professora que atua no Labta, Ivani Cristina Voos afirmou que são cerca de 250 os estudantes com deficiência hoje em todo o IFSC.
A diretora-geral do câmpus, Carmem Cristina Beck, considera um orgulho para o câmpus ter recebido o primeiro Labta do IFSC e lembrou que o laboratório pode produzir material para o atendimento educacional especializado. “Temos cursos que podem dar suporte técnico e tecnológico para essa produção”, disse.