Projeto de pesquisa do Câmpus Lages compara ferramentas usadas na agricultura

PESQUISA Data de Publicação: 26 jun 2024 19:57 Data de Atualização: 12 jul 2024 11:58

Um projeto de pesquisa da área agrícola do Câmpus Lages está analisando e comparando ferramentas de uso agrícola em diversos fatores. "Estudo de eficiência energética e financeira de ferramentas portáteis motorizadas de uso agrícola" é coordenado pelo professor José Mecabô Júnior e foi contemplado no Edital 02/2023/PROPPI com execução prevista para encerrar neste mês de agosto de 2024.

O professor Mecabô explicou que a ideia de estudar o tema surgiu da observação das máquinas agrícolas utilizadas. Os produtores utilizam motosserras, roçadeiras e outros produtos a gasolina com motores de dois tempos. Porém, essas ferramentas tem ganhado com o passar dos tempos alternativas elétricas, portáteis, com motores a bateria. Mesmo já difundido, não há muitos estudos do impacto disso e dos benefícios em fazer essa 'troca' da combustão pela bateria. "Normalmente essas que são lançadas a bateria são bem mais caras que as outras. Então, nesse ponto, o câmpus adquiriu algumas ferramentas para comparar com as anteriores e avaliar a questão de consumo de combustível, de ruído, vibração, toda a parte ergonômica de uso dela e principalmente a questão da eficiência", comenta o professor. 

A pergunta que o projeto pretende responder é se essa ferramenta a bateria vai poder no futuro substituir os motores a combustão de gasolina. Eles são, segundo o docente, mais barulhentos e poluentes. "Enquanto a bateria quase não tem ruídos, são bem silenciosas, não tem nenhum tipo de poluição e podem permitir aos produtores, ou até pessoas da cidade mesmo, que tenham em casa e que possam utilizar de forma mais sustentável. São baterias de consumo baixo e fácil carregamento, que podem ser até com energia solar, sem precisar usar os combustíveis", completa José Mecabô.

O projeto tem como público-alvo pessoas que trabalham, principalmente na agricultura, que usam essas ferramentas. O professor explica que já foram feitas oficinas com esses produtos, inclusive uma delas numa pousada, para que os utilizadores pudessem fazer uso das duas formas e apresentar suas considerações. Mecabô acredita que o projeto tem futuro. "Acredito que ele tem cumprido os objetivos, que era avaliar e comparar um tipo de motor com o outro. Acho que precisaria de mais um tempo, mais execuções, para a gente avaliar em diferentes situações e ferramentas. Mas, como não temos no câmpus, teríamos que comprar. Contudo, acho que já dá para ter uma ideia inicial bem interessante", complementa o docente.

O projeto conta com dois bolsistas para sua execução, que é feita presencialmente. Os alunos comparecem semanalmente ao Câmpus Lages para as atividades. Nesta última etapa, eles estão trabalhando no resumo teórico do trabalho para apresentá-lo no Seminário de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação IFSC (Sepei). O professor explica que, após essa etapa, a expectativa é realizar mais oficinas para o público externo, no câmpus ou em outro local, para mostrar os resultados, custos, benefícios e demais questões que envolvem o projeto.

De toda forma, o projeto já consegue um resultado que é transversal aos objetivos específicos do estudo, mas igualmente importante para a instituição cumprir seu papel: a valorização do processo ensino-aprendizagem. "Como tem dois alunos do curso superior em Gestão do Agronegócio, eles conseguem desenvolver uma pesquisa na prática, então eu deixei eles participarem da maior parte das atividades, desde planejamento, execução e a parte de resultados e escrita. Basicamente foi eles que fizeram, eu só dei as direções, falei as bases, o geral que precisava constar. A partir disso eu deixei eles fazerem, então isso estimula eles a buscarem informações, principalmente informações oficiais, exercitar a redação científica, trabalhar com dados, enfim, todo esse rigor científico de uma pesquisa aplicada para resolver um problema", comemora o professor. Ele completa dizendo que essa metodologia pode ser usada em qualquer outra situação. Também, com uma educação mais participativa o aluno tende a evitar a evasão escolar criando uma relação mais próxima com a instituição.

Mão na massa

Os dois bolsistas do projeto são Wallace Tafarel de Souza e Renata Nunes, ambos do curso superior de tecnologia em Gestão do Agronegócio. Para o aluno, que está na quinta fase do curso, o interesse surgiu pela importância da pesquisa, pois são ferramentas portáteis, como roçadeiras e sopradores, que são bastante utilizadas tanto na agricultura como em atividades urbanas, na jardinagem mais especificamente. "Para o IFSC é importante desenvolver pesquisas envolvendo sustentabilidade. Nossa pesquisa avalia diferentes fontes de potência. Sendo os modelos a combustão, que afetam o meio ambiente e a saúde humana e os modelos elétricos, que vem sendo uma alternativa de fonte renovável", comenta.

O estudante também reforça o caráter da importância do projeto como auxiliador no combate à evasão e no processo ensino-aprendizagem. "Estar em um projeto como esse ajuda muito no processo de ensino aliado à aprendizagem prática. Aprender conteúdos teóricos na prática é importante para compreender melhor conteúdos tratados em sala de aula. Isso também ajuda a criar laços com a instituição, convivendo com várias pessoas e permitindo conhecer melhor toda a infraestrutura do câmpus", disse. Sobre sua participação no projeto, o aluno avalia como positiva e importante. "Avalio minha participação como importante em todas as etapas da pesquisa. Me ajudou a desenvolver habilidades como escrita acadêmica, pesquisa quantitativa, trabalho em equipe e operação com máquinas portáteis, bem como suas manutenções", finaliza. 

Já a estudante Renata Nunes está no no fim do curso, realizando a última fase do curso de Gestão do Agronegócio. Por já estar no fim do curso, ela já havia tido contato com o processo acadêmico de um projeto de pesquisa. "Eu já participava de outro projeto com o professor Mecabô e aí surgiu mais um e eu me disponibilizei mais uma vez. Acho que desenvolvo muito bem as demandas que o professor passa. Uma habilidade que aprendi no câmpus com esse projeto foi manejar a roçadeira elétrica, que eu nunca havia trabalhado nela", reforça a aluna. 

A estudante é mais uma que ressalta a importância de uma educação pautada na experiência prática, o que ocorre muito no IFSC, não apenas no Câmpus Lages, mas em todos os outros 21 da instituição. Mesmo perto do fim de seu vínculo atual com o câmpus, a discente valoriza o aprendizado e a experiência. "A cada dia vejo e aprendo mais e mais com cada atividade. Está sendo muito importante para o meu currículo fazer as atividades na prática como nesse projeto e tantos outros", encerra Renata.

 

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