INOVAÇÃO Data de Publicação: 22 dez 2021 09:51 Data de Atualização: 22 dez 2021 10:04
Na última sexta-feira (17), uma missão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) esteve no Câmpus Florianópolis para substituir o receptor e a antena da estação GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite) instalados no Departamento Acadêmico de Construção Civil (DACC). Estas estações integram a parte ativa da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC), que conta com mais de 150 estações espalhadas pelo Brasil. Na prática, cada estação fornece correções, por download ou em tempo real, para o posicionamento por satélite de receptores GNSS num raio de dezenas ou centenas de quilômetros e permite que o cálculo de coordenadas (latitude, longitude e altitude) seja feito com alta precisão, favorecendo diversas atividades humanas como as de engenharia, topografia, cartografia, georreferenciamento de imóveis, agrimensura legal, agricultura de precisão, mapeamento aéreo, entre muitas outras.
O receptor e antena GNSS que estavam em operação haviam sido adquiridos com recursos próprios do IFSC e foram instalados no prédio do DACC em 2015, através de um projeto de extensão do próprio câmpus Florianópolis por iniciativa dos professores do curso Técnico em Agrimensura. O novo conjunto receptor-antena foram fornecidos pelo IBGE sem custos para o IFSC e possuem vantagens em relação ao anterior. Por exemplo, o número de canais aumentou de 440 para 672. Cada canal recebe um tipo de sinal dos satélites de posicionamento em órbita e a quantidade de constelações de satélites rastreadas também aumentou de dois – GPS (americana) e GLONASS (russa) – para quatro, com a adição das constelações Galileo (europeia) e BeiDou (chinesa).
Segundo o professor e coordenador do curso de Agrimensura do Câmpus Florianópolis, Adolfo Lino de Araújo, quanto mais canais e constelações rastreadas, melhor a qualidade do posicionamento. Ele destaca que outra mudança significativa diz respeito ao modelo de antena que foi substituída. “A antena original era um modelo padrão para o funcionamento da estação GNSS com cobertura plástica, enquanto a nova que foi instalada pelo IBGE é do tipo choke ring, maior que a anterior, usinada em metal e com tratamento especial na fabricação para minimizar qualquer perturbação nos sinais recebidos dos satélites, o que também aumenta a qualidade do posicionamento”, ressalta ele. O IBGE escolheu apenas alguns locais no Brasil para essa atualização de equipamentos. Para Araújo, o IFSC entrou na lista porque "a nossa estação é uma das mais usadas, tanto para download e uso em tempo real no país, e está entre as 10 mais, e também pelo suporte rápido que sempre prestamos quando é necessário".
Adolfo destaca ainda que o novo conjunto receptor-antena instalado é o que há de mais atual em termos de equipamentos para estações GNSS no mercado, contando com novas tecnologias de posicionamento por satélite e reforçando a parceria IFSC-IBGE na ampliação da RBMC. “Parceria esta que vem de longa data, já que das sete estações da RBMC em SC, três estão em câmpus do IFSC. Chapecó e Caçador também abrigam estações, e deve ir além, pois o equipamento próprio desmobilizado do câmpus Florianópolis seguirá para o Câmpus Criciúma em 2022, compondo a oitava estação de SC, quarta em câmpus do IFSC, ampliando a RBMC na região Sul do estado”, revela o professor.
Em termos acadêmicos, Adolfo afirma que só a existência da estação no IFSC desde 2015 já deu um grande suporte acadêmico às aulas do curso. “Temos uma unidade acadêmica que trata só desse assunto, chamada Posicionamento por Satélites. Ter a estação à disposição nos permitiu criar uma configuração de arquivos de correção própria, fornecidos a cada hora - a do IBGE é de 24h - e disponibilizados no site do curso. Então o docente consegue ter acesso a essas correções ainda durante a aula, sem ter que esperar para o dia seguinte. O docente leva a turma a campo, faz os rastreios e na volta já consegue realizar os processamentos. Esse foi um salto de qualidade muito perceptível na formação dos alunos desde 2015”, afirma o coordenador, que complementa: “ainda tem outro aspecto interessante, é que a existência da estação GNSS tem dado suporte a projetos de pesquisa, o que deve se ampliar agora com essas novas características. Mas como o equipamento entregue possui novas tecnologias de posicionamento, com mais constelações de satélites rastreadas e um novo modelo de antena, ele vai permitir também que os alunos tenham contato com essas mesmas características, que não se daria de outra forma”.
Benefícios para comunidade
Sobre o alcance social da instalação das estações da RBMC, o IBGE estima que as estações ativas da RBMC abrigadas atualmente nos três câmpus do IFSC somam cerca de 100.000 downloads de arquivos em média por ano juntas, enquanto o acesso em tempo real é feito por um número superior a 300 usuários únicos, também em média por ano. Não é possível mensurar a quantidade de pessoas que são beneficiadas na ponta desse processo, já que a população como um todo acaba usufruindo dos serviços dos profissionais da área técnica que fazem uso da RBMC nas mais diversas atividades humanas, seja na construção de uma obra civil, como uma rodovia, por exemplo. “Entretanto, o volume de acessos e downloads dá conta do papel do IFSC como partícipe do progresso local e nacional, muitas vezes de forma bastante discreta, como nesta ação permanente de extensão. O fornecimento de dados de correção GNSS é totalmente gratuito e acontece tanto através do portal do IBGE como do site do Curso Técnico em Agrimensura (agrimensura.florianopolis.ifsc.edu.br), na aba Serviços de Posicionamento”, finaliza Adolfo.