Projeto do curso de Design desenvolve móveis para espaço infantil em comunidade indígena

EXTENSÃO Data de Publicação: 08 out 2024 23:04 Data de Atualização: 09 out 2024 13:27

O Espaço de Infância Guarani Kyringue Aranduá, da comunidade indígena guarani de Biguaçu, na região metropolitana da capital catarinense, conta com móveis produzidos a partir de um projeto de extensão do curso de graduação em Design do Câmpus Florianópolis do IFSC.

O espaço foi inaugurado em 2023 e funciona como escola de educação infantil (até 6 anos), além de “lugar de preservar, fortalecer e transmitir os saberes ancestrais da cultura da infância guarani”, como define o perfil oficial no Instagram.

O mobiliário foi desenvolvido na disciplina de Projeto Integrador 2, do quarto semestre do curso de Design. Foram concebidos sete móveis no total - como baú, banco, escada, estante e mesa - por cinco grupos de estudantes. Para elaborar o mobiliário, os alunos do IFSC tiveram que se aprofundar na cultura dos guaranis e conhecer a comunidade, chamada Tekoá Yynn Morti Werá e localizada no bairro São Miguel, em Biguaçu.

Representantes da comunidade foram ao Câmpus Florianópolis para apresentar o projeto arquitetônico, a filosofia e a pedagogia do espaço Kyringue Aranduá aos alunos e professores de Design. Depois, foi a vez de a equipe do IFSC fazer uma visita técnica na terra indígena.

Os estudantes do IFSC construíram protótipos em escala reduzida para avaliar as formas, proporções e estética dos móveis. Posteriormente, desenvolveram protótipos funcionais em escala real no Laboratório de Modelagem do Câmpus Florianópolis. Os sete móveis foram entregues aos representantes da comunidade guarani, que acompanharam as apresentações finais do projeto dos estudantes do quarto semestre de Design.

“Foi muito importante que o IFSC tenha feito essa contribuição para fazer um mobiliário que fosse acolhedor, do tamanho das crianças, e que representasse também ali os desejos e a utilização dessa aldeia em específico. Porque diferente das escolas tradicionais, é um espaço onde as crianças convivem ali juntas num único espaço e são crianças pequenininhas”, conta a artista Karina Figueiró, uma das apoiadoras da comunidade na construção do espaço infantil.

“A parceria com o IFSC foi bem legal, porque houve uma troca legal de saberes dos alunos do IFSC com a gente, da aldeia. Tivemos oportunidade de ir lá falar da nossa comunidade e sobre a importância de mostrar a nossa cultura do nosso povo”, comenta a professora da comunidade indígena Silvana Minduá Vidal Veríssimo.

No relatório final do projeto, os professores Ulisses Filemon Leite Caetano e Sérgio Henrique Prado Scolari, respectivamente coordenador e coordenador adjunto da iniciativa, avaliaram que ele mostrou a importância do design na promoção da da inclusão social e cultural.

“Ao longo do processo, os estudantes tiveram a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula de maneira prática e significativa, interagindo de forma próxima com a cultura e as necessidades da comunidade guarani. Isso não só enriqueceu a experiência educacional dos alunos, mas também fortaleceu os laços entre a academia e o contexto local, promovendo um diálogo intercultural enriquecedor”, escreveram.

Para os professores, a participação da comunidade indígena desde as fases iniciais do projeto mostrou a importância do reconhecimento e valorização do conhecimento local e da colaboração interdisciplinar e cultural. “Esta abordagem centrada na comunidade não apenas resultou na concepção e fabricação de mobiliários funcionais e culturalmente sensíveis, mas também promoveu o empoderamento e protagonismo dos membros da comunidade guarani, proporcionando-lhes espaço para expressar suas visões e contribuir ativamente para a criação de soluções significativas”, relataram os coordenadores.

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