Laqua, de Itajaí, analisa mar de São José para investigação de mortandade de peixes

PESQUISA Data de Publicação: 08 mar 2024 09:27 Data de Atualização: 11 mar 2024 11:28

O Laboratório Oficial de Análise de Resíduos e Contaminantes em Recursos Pesqueiros (Laqua), do Câmpus Itajaí, em parceria com o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), realizou a análise de amostras da água do mar de São José, na Grande Florianóolis, durante a investigação da causa de uma mortandade de peixes. Participaram da análise o oceanógrafo do IMA Carlos Eduardo J. A. Tibiriçá e a bióloga do IFSC Thatiana de Oliveira Pinto.

O IMA foi informado da presença de mortandade de peixes na costa do Município de São José/SC na manhã de 5 de março. Imediatamente, foi mobilizada equipe da Gerência de Laboratório e Medições Ambientais para a coleta de amostras e avaliação das possíveis causas do evento.

A análise qualitativa inicial feita no Lacqua indicou a presença de uma floração de dinoflagelados do gênero Karenia, frequentemente associados a mortalidade de peixes e invertebrados marinhos em todo o mundo, inclusive no Brasil. Esse tipo de evento é comum nas zonas costeiras de vários países e podem ser provocados por fatores naturais e/ou de origem humana.

Os dinoflagelados são algas microscópicas que ocorrem naturalmente em todos os ambientes aquáticos do planeta. As microalgas são responsáveis por cerca de 50% do ar que respiramos e têm um papel fundamental na manutenção de toda a vida no planeta. 

Entretanto, em certas condições, algumas espécies podem passar a se multiplicar de forma rápida, em eventos que são chamados de florações. Nem todas as florações são nocivas aos animais, mas quando envolvem espécies prejudiciais, como a Karenia spp., é comum que haja efeitos negativos para peixes, invertebrados e até para o ser humano.

No caso de São José/SC, os resultados preliminares sustentam a hipótese de que a mortalidade de peixes observada nas praias no dia 05/03/2024 foi causada por uma floração de uma espécie ainda não identificada de Karenia spp. Os fatos que reforçam essa hipótese são:

(1) A observação qualitativa de amostras de água do mar coletadas na região onde ocorreu a mortandade de peixes indicou a presença massiva e dominante (floração) da microalga nociva Karenia spp.;

(2) O gênero Karenia possui várias espécies já associadas a mortalidade de fauna, inclusive no Brasil;

(3) Trata-se de ambiente marinho costeiro com circulação de água, o que permite a fuga de peixes frente a outros agentes nocivos;

(4) Não há relatos de quaisquer tipo de acidentes ou vazamentos de contaminantes que possam ter provocado essa mortandade; e

(5) A análise quantitativa identificou uma concentração significativa de Karenia spp. nos dois pontos amostrados, com 13.219.556 cél./L no ponto 01 e 23.434.667 cél./L no ponto 02. A densidade celular encontrada nas amostras não é usual e representa um evento de grande escala, podendo afetar áreas próximas na região.

Portanto, as análises preliminares do IMA, em parceria com o IFSC, não descartam a hipótese de que a mortalidade de peixes ocorrida 05 de março de 2024 em São José/SC seja reflexo de uma floração do dinoflagelado Karenia spp. Esse tipo de evento é comum em diversas partes do planeta e pode ser provocado por fatores naturais e/ou de origem humana. Novas análises estão sendo conduzidas para reforçar ou refutar a hipótese apontada para esse evento.

PESQUISA CÂMPUS ITAJAÍ