Intérpretes de Libras possibilitam a integração e participação de surdos no JIFSC

JIFSC Data de Publicação: 03 nov 2024 10:05 Data de Atualização: 03 nov 2024 11:07

Como você acha que seria a experiência de visitar um país sem conseguir entender absolutamente nada na língua local? Mas não vale pensar que falar inglês resolveria, pois nem assim alguém conseguiria lhe entender. Aliás, nem o tradutor do Google funcionaria para esta situação. Pois seria mais ou menos assim a experiência dos estudantes surdos que participam dos Jogos do IFSC (JIFSC), não fosse pelo trabalho desempenhado durante todo o evento pelos Tradutores-intérpretes de Língua de Sinais (TILS).

Com uma equipe composta por diversos profissionais, o Instituto Federal garantiu a presença constante dos TILS durante esta edição dos Jogos, tanto para promover a inclusão no esporte como para garantir a segurança e a plena participação dos surdos. “Tivemos nesta edição dezoito estudantes surdos e uma equipe de intérpretes que se revezou tanto para atender o evento quanto para dar assistência individual a esses estudantes”, conta Bianca Eneas Nunes, intérprete e responsável por coordenar a equipe de TILS.

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Um dos destaques da participação dos surdos no evento foi a realização, na quinta-feira (31), de jogos de futsal com times mistos envolvendo surdos e ouvintes. Além disso, estudantes surdos conquistaram medalhas competindo contra ouvintes, como foi o caso da aluna Vitória Maria da Silva Delmondes Dentro, do Câmpus Jaraguá do Sul-Centro, que ficou com a medalha de bronze nas provas de 1.500 metros e 3.000 metros, realizadas na quarta-feira (30).

Bianca lembra, no entanto, que o trabalho de inclusão dos surdos não pode ficar restrito apenas à interpretação durante avisos ou conversas no evento. “Quando a gente pensa no esporte, é importante que adaptações sejam realizadas muito antes do dia das provas e que as pessoas que conhecem a cultura surda estejam envolvidas também no planejamento da programação. Numa prova de atletismo, por exemplo, o sinal de largada para o surdo não pode ser um aviso sonoro”, aponta.

A segurança dos surdos também passa pelo trabalho desenvolvido pela equipe de TILS. A intérprete Cristiane Albano Marquetti veio ao evento acompanhando a estudante Vitória, de Jaraguá do Sul, para garantir que ela estivesse assistida em todos os momentos do dia, inclusive fora do complexo esportivo onde ocorre o JIFSC. “Fico à disposição dela o tempo todo, desde que embarcamos no ônibus rumo a Blumenau. Isso é importante pois os professores a todo momento precisam dar avisos à delegação e, mesmo fora do evento, temos que garantir que ela consiga se comunicar caso ocorra alguma coisa no hotel ou ela tenha que ser atendida por alguma questão de saúde”, exemplifica Cristiane.

Além da prática desportiva, o JIFSC também tem tradição em proporcionar a integração entre estudantes de diferentes cursos e municípios. E, assim, mais uma vez o trabalho dos TILS mostra sua relevância. Afinal, como integrar alunos que não conseguiriam se comunicar?

Foi graças à intermediação proporcionada pela intérprete Danielle dos Santos Alencar que surgiu a amizade entre a estudante Vitória dos Anjos, do Câmpus São José, e Lara Silva Ribeiro, do Câmpus Palhoça Bilíngue. Elas chegaram em Blumenau sem se conhecerem, mas Vitória resolveu puxar conversa com Lara dando um “oi”. “Ela [Lara] respondeu e começou a dizer um monte de coisas, mas eu não entendia. Aí chamaram a intérprete e deu tudo certo. Agora já entendo algumas coisas e também aprendi alguns sinais”, conta a estudante de São José.

As duas meninas jogaram no mesmo time durante a partida de futsal para surdos – que teve composição mista entre estudantes surdas e ouvintes. Para Lara, a oportunidade de conhecer e conversar com outras pessoas no JIFSC foi muito especial, principalmente devido à disponibilidade de intérpretes no evento. “Alguns ouvintes nunca conversam com a gente, mesmo que a gente possa conversar por mensagens. Aqui em Blumenau, como havia intérpretes, foi bem mais fácil. Se não tivesse, eu ficaria bem nervosa. Eu e a Vitória [estudante de São José] trocamos contatos, conversamos bastante e até combinamos de tomar um sorvete juntas”, compartilha a aluna de Palhoça.

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