Estudantes e servidor do IFSC contam experiência de participar de operação "rondonista"

EXTENSÃO Data de Publicação: 18 ago 2023 14:21 Data de Atualização: 25 ago 2023 19:05

Estudantes e servidores do IFSC participaram agosto da Operação Horizonte, promovida pelo Núcleo Extensionista Rondon (NER) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em 24 cidades do Meio-Oeste Catarinense, uma das regiões de menor índice de desenvolvimento (IDH) do estado. As equipes formadas por estudantes e servidores de instituições de ensino brasileiras e estrangeiras desenvolveram nos municípios ações relacionadas às oito áreas temáticas da extensão universitária: comunicação, cultura, direitos humanos e justiça, educação, meio ambiente, saúde, tecnologia e produção e trabalho. A operação ocorreu de 2 a 12 de agosto.

O câmpus do IFSC com mais participantes na operação (oito, sendo sete estudantes e um servidor) foi o Florianópolis-Continente. Um dos incentivadores para que os estudantes do câmpus participassem das atividades foi o chefe do Departamento de Assuntos Estudantis, Tomé de Pádua Frutuoso, que é bastante experiente em ações desse tipo: entre operações do NER/Udesc, do Projeto Rondon (Ministério da Defesa) e do programa Extensão Brasil (do IFSC), já esteve em 22 iniciativas. 

Na Operação Horizonte, Tomé coordenou a equipe que atendeu a cidade de Celso Ramos, que possui 2.805 habitantes, de acordo com o último censo. O grupo era composto por oito pessoas, sendo uma delas do Equador. A variedade de atividades que desenvolveram no município ajuda a entender o que é uma operação desse tipo, inspiradas no Projeto Rondon, mantido pelo Ministério da Defesa e que recebe esse nome em homenagem ao marechal Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958), famoso por realizar expedições de exploração pelo Mato Grosso (seu estado natal) e pela bacia amazônica para abertura de estradas, ampliação de linhas telefônicas e telegráficas, mapeamento de rios, florestas e montanhas e estabelecimento de contato com comunidades indígenas.

Palestras e oficinas em escolas e Apaes

Na escola em que ficou hospedada - dormindo em uma sala de aula -, a equipe coordenada pelo servidor do IFSC desenvolveu atividades com crianças do maternal e do pré-escolar, como contação de história e musicalidade, e ministrou oficinas e palestras para escolas de ensino fundamental e médio, com temas como: bullying e depressão; oratória (para apresentar trabalhos na escola); musicalidade; jogos teatrais e artes cênicas; sexualidade e gênero; mostra de cursos e profissões; e dicas para Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibular. A equipe participou, ainda, de integração e trocas de experiências com o grupo de jovens da igreja católica e com professores e suas famílias.

Com o público adulto, foram ministradas palestras e rodas de conversa para funcionários da prefeitura, focadas no bom atendimento ao público e na identificação de forças e fragilidades do serviço público do município. Também foram realizadas reuniões com os responsáveis pelos estudantes das escolas de ensino fundamental, para tratar sobre os papéis e responsabilidades da escola e da família na formação desses alunos. Por fim, houve atividades na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, organização que atende pessoas com deficiência), envolvendo musicalidade e jogos teatrais, e no grupo de idosos, visando a integração e a troca de experiências e vivências entre as diferentes gerações por meio da dança, da música e declamação de poemas.

Tomé, que possui mestrado em Educação Profissional e Tecnológica com foco na curricularização da extensão e foi diretor de Extensão do IFSC, diz que em ações desse tipo ele vê a finalidade da extensão posta em prática. “Elas permitem um contato próximo da instituição de ensino com a sociedade e dos extensionistas com as comunidades locais”, diz. 

Novas experiências

Os integrantes das equipes da Operação Horizonte conheceram-se na cidade de Água Doce, onde ocorreu a abertura da operação, e lá foram organizados conforme suas habilidades e conhecimentos para integrar os grupos que iriam atuar em cada um dos 24 municípios. “As equipes se conhecem no dia”, destaca Tomé. Antes de viajarem aos locais, os extensionistas - que se autodenominam “rondonistas” - passam por uma capacitação com o NER da Udesc. 

Um desses extensionistas foi o estudante Augusto César de Abreu Teodoro, do Câmpus Florianópolis-Continente, que atualmente está matriculado no curso de Espanhol e no de qualificação em Salgadeiro, mas já é formado em três cursos técnicos do câmpus (Eventos; Nutrição e Dietética; e Restaurante e Bar), além de ter concluído outro curso de qualificação (Cerimonialista e Mestre de Cerimônias) desde 2017, quando ingressou pela primeira vez no IFSC. 

Com todo esse conhecimento acumulado, Augusto ministrou na cidade de Catanduvas (10.566 habitantes) oficinas de Alimentação Saudável e de Higiene e Manipulação de Alimentos, além de ter participado de atividades de contação de histórias para crianças e de declamação de poesia - ele é integrante de um grupo de poetas e escritores em Florianópolis - em escolas e na Apae. 

“Fiquei sabendo da operação pelo DAE [setor coordenado por Tomé de Pádua no câmpus]. Sempre tive vontade de participar de algo assim, mas não conseguia tempo. Agora que estou aposentado, deu certo”, conta Augusto. Participar da Operação Horizonte foi uma nova experiência para o estudante de 63 anos que, segundo ele próprio, era o mais velho participante da operação. 

A receptividade e o carinho recebido das pessoas - adultos e crianças - que participaram das atividades desenvolvidas pela equipe em Catanduvas marcaram o estudante do IFSC.  “O coordenador da nossa equipe disse que quem participa de uma ação dessas sempre aprende mais. E foi assim mesmo. Aprendemos muito com as crianças. Só experimentando uma atividade dessas para saber como é. Ano que vem tô aí de novo!”, avisa.

Também estudante do Câmpus Florianópolis-Continente, Marcia Regina Romão foi outra estreante em operações rondonistas. Ela ficou na cidade de Monte Carlo (9.117 habitantes) e participou de oficinas em escolas e na Apae com temas como dança, teatro, cinema, gincana, brincadeiras e contação de histórias. Para alunos de ensino médio, o grupo ministrou uma oficina das profissões, na qual cada rondonista apresentou sua instituição de ensino e Marcia, portanto, falou sobre o IFSC.

 “Acho importante valorizar o IFSC, por ser um ensino público, gratuito, de qualidade e com excelentes professores”, elogia Marcia, que estuda atualmente na graduação em Gestão de Turismo e certamente é uma das estudantes mais aptas a falar sobre a instituição: essa é, segundo suas contas, a sua 27ª matrícula no IFSC, em cursos que vão desde a qualificação profissional até a especialização em diferentes câmpus (além do Florianópolis-Continente, também fez cursos a distância dos câmpus Garopaba, São Lourenço do Oeste e Urupema).

O grupo de Márcia participou, ainda, de um mutirão de cidadania, no qual moradores de Monte Carlo puderam tirar a segunda via de certidões e sanar dúvidas jurídicas, e fez uma visita técnica a uma propriedade rural para avaliar seu potencial turístico. “Isso foi muito gratificante, já que minha área é o turismo”, comemora a estudante.

Assim como o colega de câmpus Augusto, Marcia também viveu novas experiências na Operação Horizonte, das quais ela destaca a vivência “em um local totalmente diferente da minha realidade” e a convivência com pessoas de diferentes lugares do Brasil e de outros países. Um momento marcante para ela foi a exibição de um filme no “Cine Rondon”, instalado no auditório de uma escola, que ficou cheio apesar de a exibição ter ocorrido à noite e sob chuva e frio. Por fim, a Operação Horizonte rendeu a Marcia um tema de TCC: ela vai desenvolver um produto turístico para a propriedade rural que visitou. “Melhor, impossível!”, comemora. 

Quem aprende mais?

O Câmpus Florianópolis-Continente foi a unidade do IFSC com mais participantes, mas houve mais 11 representantes - todos alunos - dos câmpus Canoinhas, Chapecó, Florianópolis, Gaspar, Joinville, Palhoça Bilíngue, Urupema e Xanxerê, totalizando 19 pessoas. A estudante Thays Farias Nascimento, da graduação em Gestão Hospitalar, foi a única participante do Câmpus Joinville na operação e ficou na equipe instalada na cidade de Passos Maia (4.034 habitantes). 

A maior parte das atividades desenvolvidas pela equipe também foi com crianças e adolescentes. Thays, rondonista estreante, ficou responsável pela oficina de oratória e ajudou na realização de outra oficina, de brinquedos recicláveis, ministradas em uma escola e na Apae. “ Fora outras oficinas também, como roda de conversa sobre saúde da mulher, roda de conversa sobre sexualidade, oficinas sobre bullying com as escolas do município, entre outras”, lista. 

Para Thays, participar da operação trouxe ganhos para a vida pessoal e acadêmica. “Somos colocados a fazer coisas que nem imaginamos que somos capazes. É um ótimo projeto para desenvolver a sua liderança, proatividade, convívio com pessoas totalmente diferentes de você. Um dos principais ensinamentos que tive foi a sabedoria popular, história de povos e pessoas com realidades totalmente diferentes da minha. Isso enriquece a nossa visão da realidade, da cultura e do estilo de vida e pensamentos de outras famílias e pessoas. Costumo dizer que a gente aprendeu mais com o povo de Passos Maia do que eles com a gente”, explica .


Maior operação da história

No total, a operação mobilizou cerca de 400 rondonistas, de mais de 20 instituições brasileiras e estrangeiras (de Angola, Argentina, Equador, Guiné-Bissau e Paraguai). Mais de 1,4 mil atividades, com a participação de cerca de 42,6 mil pessoas, marcaram a maior operação da história do NER da Udesc. As atividades ocorreram em municípios vinculados a três associações: do Planalto Sul de Santa Catarina (Amplasc), do Meio-Oeste Catarinense (Ammoc) e do Alto Irani (Amai). 

Maior ação de extensão da universidade estadual, o NER/Udesc realiza operações que possibilitam o intercâmbio dos acadêmicos e a inserção da instituição e parceiros em diferentes áreas de conhecimento e em diversos cenários de Santa Catarina, na busca do desenvolvimento regional.

Em 13 anos de história, o NER Udesc fez 18 grandes operações presenciais e outras duas online, com cerca de 14 mil atividades, envolvendo cerca de 3,5 mil extensionistas/rondonistas e contemplando em torno de 450 mil pessoas em mais de 200 municípios de Santa Catarina, Paraná, Goiás, Distrito Federal e da Argentina.

No site do NER, é possível ver o histórico, vídeos, imagens, depoimentos, estatísticas e outras informações.

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