Estudantes do IFSC são os primeiros da Rede Federal a defenderem trabalhos de conclusão de curso em instituição alemã

INTERNACIONAL Data de Publicação: 25 abr 2024 09:11 Data de Atualização: 07 mai 2024 11:24

Pela primeira vez, estudantes do IFSC defenderam seus trabalhos de conclusão de curso (TCC) na Alemanha. Maria Eduarda Helbich Regiani, Mikael Bueno da Silveira e Murilo Bloch - todos do curso de Engenharia Mecatrônica do Câmpus Florianópolis - embarcaram para a Europa em junho de 2023 e foram os primeiros alunos de um instituto federal a estudarem no Instituto Fraunhofer de Tecnologia a Laser ILT, em Aachen. A experiência foi tão positiva que outros três estudantes do IFSC embarcam em julho deste ano para participar do programa de intercâmbio.

A ida dos primeiros alunos foi possível a partir de um contato do professor do Câmpus Florianópolis Erwin Werner Teichmann, que fez pós-doutorado no instituto alemão em 2019, após ser aceito pelo professor Andres Gasser. A partir de então, os docentes continuaram próximos. O trabalho conjunto resultou em uma publicação internacional e na vinda do professor alemão para Florianópolis em 2022. “Fizemos um evento no nosso parceiro ISI Laser em Joinville e trabalhamos na soldagem de cobre com uma fonte laser que temos no Laboratório de Automação e Laser do Departamento Acadêmico de Metal Mecânica”, explica Erwin - que é coordenador desse laboratório. 

Foi nesse período que o professor alemão conheceu o trabalho do aluno do IFSC, Mikael Bueno, em um projeto que Erwin desenvolve na Unidade Embrapii do IFSC junto com a empresa MVP. “Ele ficou muito impressionado com o fato do Mikael fazer todo o projeto, desde a parte de hardware, software e testes”, conta. A partir disso, os professores trabalharam para desenvolver uma parceria que permitisse enviar alunos do IFSC para o ILT, o que foi efetivado em 2023.

Maria Eduarda, Mikael e Murilo foram selecionados para esta primeira experiência de intercâmbio com o  ILT Fraunhofer pelo programa Braachen por causa do nível de inglês e fase no curso. Cada um custeou a passagem aérea, enquanto as despesas com visto e estadia na Alemanha foram custeadas pelo ILT por meio de bolsa.

Na instituição alemã, os estudantes do IFSC são chamados de “Hiwis”, que são alunos de graduação ou mestrado contratados para auxiliar pesquisadores e alunos de doutorado nos projetos de pesquisa. Além de aprender com os pesquisadores, eles recebem um salário mensal de quase € 900. Os alunos também podem cursar disciplinas na instituição alemã. 

Para Mikael, de 32 anos, o intercâmbio tem sido enriquecedor em vários sentidos: academicamente, profissionalmente, socialmente e culturalmente. “Os desafios incluem a língua, a comida e o frio. Muitas coisas boas estão relacionadas ao projeto Braachen, desde trabalhar em um instituto de pesquisa renomado mundialmente até conhecer lugares históricos e conviver com pessoas de diversas nacionalidades”, conta.

O aluno Murilo, de 25 anos, também afirma que a experiência de viver na terceira maior economia do mundo, com seu foco e reconhecimento na engenharia, tem sido incrível. “O maior desafio foi começar ‘do zero’, sem relações estabelecidas, e aprender a ser responsável por mim mesmo em um país estrangeiro”, afirma.

Segundo Maria Eduarda, de 22 anos, um dos maiores desafios antes de viajar foi o planejamento financeiro e, depois de chegar à Alemanha, foi a adaptação. “É uma cultura bem diferente, com clima e pessoas diferentes do que estamos acostumados, além de comidas típicas que nem sempre agradam aos paladares brasileiros e, claro, o idioma”, explica. Embora o inglês seja amplamente falado na região universitária, a aluna do IFSC disse que está estudando alemão para superar a barreira linguística.

Maria Eduarda destaca ainda o investimento em pesquisa e tecnologia que é feito na Alemanha. “Temos acesso a equipamentos e máquinas de alta qualidade e a troca de experiências com os supervisores pesquisadores nos proporciona oportunidades de aprendizado imensuráveis”, ressalta.

Banca de TCC

O professor Erwin esteve em abril na Alemanha onde, além de participar de um curso de manutenção em veículos elétricos na escola técnica BBS Gut a convite da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, também presidiu presencialmente a banca de defesa de TCC dos alunos Murilo e Mikael. “A defesa e o nível dos trabalhos foi muito bom”, enaltece. 

Murilo foi o primeiro dos três alunos do IFSC a defender seu TCC no início de abril. Segundo ele, o ensino do IFSC foi fundamental para o seu desempenho. “A formação oferecida prepara os estudantes para enfrentar desafios e resolver problemas de forma eficaz, sendo reconhecida internacionalmente”, destaca. 

O futuro engenheiro pretende estender sua estadia por mais dois anos para realizar um mestrado. “Essa jornada tem sido uma combinação de aprendizado, desafios e oportunidades únicas e estou ansioso para continuar explorando e contribuindo para o campo da engenharia, agora com um novo horizonte global”, conclui.

Mikael também pretende aplicar para ingressar em um curso de mestrado na RWTH e está procurando emprego. “Meu desejo é ficar aqui por alguns anos em busca de crescimento profissional e acadêmico, que possam ser levados para o Brasil no futuro”, conta.

Ele também ressaltou a importância do IFSC para sua participação no programa de intercâmbio alemão. “Sou extremamente orgulhoso de fazer parte dessa comunidade acadêmica, que oferece ensino público e gratuito de excelente qualidade e conta com um time fantástico de professores, servidores e terceirizados dedicados”, afirma.

A estudante Maria Eduarda ainda não defendeu seu TCC. Ela renovou seu contrato com o ILT por mais seis meses e ficará na Alemanha, pelo menos, até dezembro.

Novos embarques

A parceria entre o IFSC e o ILT deu tão certo que o Câmpus Florianópolis lançou um edital neste ano e mais três alunos foram selecionados para embarcar para a Alemanha agora em julho. “O comprometimento e profissionalismo dos nossos alunos foi tão grande que o ILT está contratando este ano 14 estudantes brasileiros, sendo 3 do IFSC”, destaca Erwin. 

Em julho, os estudantes Filipe Braga Pires, João Henrique Silva Pinto e João Vitor Russi Benedet - dos cursos de Engenharia Mecatrônica e Engenharia Elétrica do Câmpus Florianópolis - embarcam para a Alemanha após serem selecionados em edital.

Sobre o Instituto Fraunhofer

O Instituto Fraunhofer de Tecnologia a Laser ILT está integrado à Fraunhofer-Gesellschaft, que é uma das principais instituições de pesquisa da Alemanha, com 76 institutos, cerca de 30 mil funcionários e um volume anual de pesquisa de 2,9 bilhões de euros. 

O Instituto oferece pesquisa e desenvolvimento, projeto de sistemas e garantia de qualidade, consultoria e educação. Diversos sistemas a laser industriais de vários fabricantes, bem como uma infraestrutura extensa, estão disponíveis para trabalhos de pesquisa e desenvolvimento.

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