EVENTOS Data de Publicação: 28 jun 2024 16:24 Data de Atualização: 01 jul 2024 09:39
Nesta semana, de 24 a 26 de junho, ocorreu em Florianópolis o Summit Cidades, evento que visa capacitar seus participantes e potencializar o desenvolvimento dos municípios. O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) esteve participando do evento com estande de projetos e com painéis na programação. A atividade aconteceu no CentroSul e contou com com mais de 350 palestrantes e até 13 eventos ocorrendo de forma simultânea.
Um desses eventos é o Summit Academy. De acordo com o site da atividade, trata-se de um fórum acadêmico realizado junto ao Summit Cidades, que oferece uma plataforma para pesquisa e implementação de soluções para municípios. O objetivo é proporcionar aos pesquisadores a oportunidade de apresentar seus projetos sobre as principais tendências em Cidades Sustentáveis e Inteligentes. Pelo IFSC, representando o Câmpus Florianópolis, esteve em exposição o LabMais, laboratório de prestação de serviços de manufatura aditiva e inovação em saúde. "É importante para mostrar as soluções desenvolvidas pelo IFSC que podem de alguma forma auxiliar nas cidades, no nosso caso a saúde", conta o professor Matheus Brum Marques Bianchi Savi, coordenador do LabMais.
O professor destaca, também, o caráter acadêmico de estar presente em eventos dessa natureza, em especial para os estudantes. Três alunos participaram, fazendo revezamento para atender durante a atividade. Para Matheus, o estudante tem acesso ao aprimoramento de outras habilidades, além daquelas de sala de aula e de laboratório regular. "Acho que, principalmente, na interação com pessoas, no desenvolvimento da comunicação referente ao tema do laboratório em relação com o que aprendem em sala sobre anatomia e patologia", complementa o coordenador.
Paineis
Ao longo da programação, o IFSC, por meio do professor Erwin Werner Teichmann, foi o organizador de três paineis. No dia 24, ocorreu o painel "O Transporte Público Elétrico por Meio do Retrofit de Ônibus (diesel para elétrico)", de mediação do docente. O retrofi é o processo de conversão de um automóvel, no caso um ônibus, de combustão a diesel para elétrico. De acordo com o professor, "o Brasil hoje é um país que tem 93% da sua geração de energia elétrica feita a partir de fontes sustentáveis, nenhum país do mundo, das dez maiores economias do planeta, tem esse perfil de geração de energia. Então, tem todo sentido a gente partir para utilizar veículos à bateria", conta. Na atividade, se defendeu a utilização do processo, para além do já citado acima, em razão do custo de um veículo novo já com bateria elétrica de fábrica. "Um ônibus elétrico novo custa muito caro, de 2 a 3 milhões de reais, enquanto um ônibus a diesel novo custa em torno de 850 mil, e aqui a gente está propondo a conversão com valor entre 500 a 600 mil reais, utilizando tecnologia nacional com startups daqui da região de Florianópolis", completa o docente.
Estiveram presentes na discussão do painel Matheus Dressler Maia, CEO & Founder da Swap-e; Thiago Motta, CEO da MVP e-solutions; Diogo Seixas, CEO da EVPV POWER; Rafael Hahne, Secretário Municipal de Transportes e Infraestrutura de Florianópolis; e Bruno Rodrigues Camargo, Gerente Regional Sul do Finep. A atividade fez parte da temática Mobilidade e Planejamento Urbano. "A ideia é associar também a geração de energia sustentável e geração solar. Tem empresas europeias que querem investir na geração de energia solar e alugar, por exemplo, telhado de prédios para isso. Foi muito rica a conversa, muitas coisas interessantes saíram, a Prefeitura Municipal de Florianópolis está super interessada na hipótese e outras prefeituras de outros municípios que estavam presentes ao evento também assistiram", complementa Erwin.
No dia 25, ocorreu o segundo painel, novamente na temática Mobilidade e Planejamento Urbano, desta vez com o título A Inteligência Artificial e a Mobilidade. "Houve muito interesse do público, em especial em como se dará a comunicação entre os veículos e órgãos de controle, como a infraestrutura da prefeitura, por exemplo, para medição de tráfego e velocidade", explica o professor, entendendo o papel da IA no auxílio à mobilidade urbana, mas não apenas nisso. "Já há veículos colocando dados na rede para o montador analisar, algo em torno de 90 milhões de dados por dia. Isso pode melhorar a experiência do usuário e organizar a manutenção, por exemplo. Estima-se que haja 25 gigabytes de dados que são disponibilizados pelos veículos. São mais de 5 mil parâmetros para analisar e utilizar de forma prática, ajudando na mobilidade urbana", completa Erwin.
Compuseram este segundo painel Felipe de Castro Oliveira, líder de Novos Negócios da General Motors; Joni Hoppen, cofundador e diretor comercial da Aquarela Advanced Analytics; Thiago Vilela, executivo em Conectividade Veicular e Novos Negócios da Ford Motor Company; e Arthur Andrade, CEO da MobWay. O painel foi mediado pelo professor Erwin.
Já no dia 26 foi a vez de O Hidrogênio Verde e a Mobilidade Elétrica. Nele foi discutido o uso desse elemento nos carros elétricos como gerador de energia. O professor Erwin, que também mediou esse painel, contou de sua experiência visitando uma empresa na França onde se fabricam power trains para a montadora Renault. "É um sistema muito interessante, o resultado da reação química do oxigênio com o hidrogênio é água, é um processo muito limpo, esse hidrogênio só tem sentido se ele for produzido a partir de fontes sustentáveis, então nisso também o Brasil se encaixa muito bem pois a gente tem a maior matriz energética sustentável do mundo e, além disso, temos um potencial infinito de crescimento dessa matriz. Imagina quantos paineis solares podem ser colocados no Nordeste, logo na Linha do Equador?", comenta o professor. O painel foi composto por Murilo Ortolan, gerente de engenharia HORSE e diretor executivo da AEA (Associação Brasileira Engenharia Automotiva); Douglas De Matos Magnus, gerente de Novos Negócios da Celesc; Sérgio Augusto Costa; presidente executivo da Associação Brasileira de Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis (ABHIC); e Rubipiara Fernandes, professor titular do IFSC.
Há muito a evoluir na questão, segundo o professor, mas já há a preocupação com a legislação e com as pesquisas para desenvolvimento e crescimento dessa tecnologia. O custo de produção ainda é alto, em se comparando com as outras formas de extração de hidrogênio, como aquela derivada do petróleo. "Alem disso, processo é muito pouco eficiente, desde a produção do hidrogênio por eletrólise, a compressão e utilização a ligar na roda do veículo, há uma perda de 60% mais ou menos. Então, a gente tem que continuar as pesquisas e fazer evoluir tanto do ponto de vista de rendimento quanto de custo.", disse Erwin.
Também compôs o evento o projeto de pesquisa Eletrificação de Sistemas Hidráulicos Embarcados em Veículos de Utilidades Tomada de Força, coordenado pelo professor Erwin. Ele é desenvolvido pela Unidade Embrapii, no Câmpus Florianópolis, em parceria com o Sebrae e a empresa startup chamada MVP e-solutions, que trabalha na construção de um motor elétrico, um banco de baterias e um inversor, para desconectar a bomba hidráulica do motor a diesel dos caminhões e melhorar a eficiência energética dessas ferramentas. O projeto também esteve em exposição no estande do IFSC no evento. Sobre a participação do IFSC no Summit Cidades, o professor Erwin destaca a importância para a instituição de atividades como essa. "Olha, eu encaro como fundamental a gente participar desse tipo de evento, porque são nesses eventos que se acaba alavancando uma série de projetos. Muitas prefeituras estão envolvidas e um dos papeis do IFSC se concretiza, que é realmente tentar melhorar a vida dos cidadãos. É o maior evento de cidades inteligentes do Brasil, tinha mais ou menos 7 mil inscritos, diversas palestras, muitos diferentes temas, e é dada muita importância para a energia sustentável e para a mobilidade elétrica também, porque se sabe que isso é um dos fatores que pode melhorar muito a vida na cidade", finaliza o professor.