EVENTOS Data de Publicação: 04 out 2024 18:08 Data de Atualização: 09 out 2024 15:50
Ampliar a oferta de vagas em cursos de Educação de Jovens e Adultos integrados à Educação Profissional e Tecnológica foi o eixo das discussões do 6º Fórum de EJA do IFSC, realizado no hotel Mercure, em Florianópolis, nos dias 1º e 2 de outubro. O evento reuniu servidores de todos os câmpus e teve o tema orientador “20 anos da EJA no IFSC: reflexões, desafios e horizontes”. Com ofertas da modalidade desde 2004, o IFSC tem hoje 3,5% do total de vagas abertas em cursos de EJA. São 22 cursos em 15 câmpus, entre ofertas próprias e em parcerias. “Isso significa que estamos muito distantes do que devemos e podemos fazer para atender os potenciais estudantes da modalidade”, analisa a chefe do Departamento de EJA e Ensino Técnico Integrado da Pró-Reitoria de Ensino (Proen), Ivanir Ribeiro. “Por outro lado, temos uma demanda imensa de pessoas no país e no Estado de Santa Catarina sem formação básica”, prossegue. No Brasil, são 68 milhões de pessoas com 25 anos ou mais que não concluíram o ensino médio, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Já o analfabetismo ainda é uma realidade para 11,4 milhões de pessoas, segundo o Censo Escolar de 2022.
O pró-reitor de Ensino, Adriano Larentes da Silva, considera que é preciso encontrar formas de inserir a EJA na cultura organizacional. Segundo ele, apenas o IFSC e o Instituto Federal do Acre (IFAC) contemplam essa modalidade na estrutura organizacional – no caso do IFSC, o Departamento de EJA e Ensino Técnico Integrado foi criado em 2022. Outros marcos da institucionalização foram a elaboração do Documento Orientador da EJA, que teve uma primeira versão em 2017 e atualização em 2022; a aprovação da Política de EJA-EPT do IFSC, em 2023, e a decorrente criação da Comissão e do Núcleo de implementação da Política; além dos próprios Fóruns de EJA, realizados em 2012, 2014, 2016, 2018 e 2022 (este, em formato on-line em função da pandemia de Covid-19). Também em 2012 foi lançada a revista EJA em Debate, referência nacional na temática, atualmente com Qualis B1.
Na abertura dos trabalhos do 6º Fórum de EJA, a doutora em Educação Maria Margarida Machado fez uma contextualização história da modalidade no país e lançou várias provocações para a reflexão dos participantes. “A realidade da EJA não cabe dentro do prédio. Para chegar nos 10% [de percentual de oferta] nós precisamos sair do prédio”, instigou. Ela também enfatizou o papel central da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica na oferta de cursos de EJA e de formação da classe trabalhadora. “Os Institutos Federais são uma rede de excelência, e essa excelência está sendo desafiada a formar a classe trabalhadora para sua emancipação”, salientou. Maria Margarida Machado também alertou para o equívoco de um imaginário que associa a Educação de Jovens e Adultos exclusivamente ao processo de alfabetização. “Falar em EJA não é falar só em alfabetização, mas em acesso à educação como direito”, disse. “E nesse processo, o conhecimento que a educação proporciona é o que pode levar as pessoas a caminhar num processo de autonomia e liberdade”.
Dinâmica
Os participantes do 6º Fórum de EJA se organizaram em cinco grupos temáticos para discutir estratégias a serem adotadas institucionalmente para ampliar a oferta de vagas, aproximando a realidade da meta estipulada por lei. Os grupos foram: (1) Estratégias para a ampliação da oferta de EJA_EPT (Proeja); (2) Ingresso inclusivo na EJA-EPT; (3) Permanência e êxito na EJA-EPT; (4) Flexibilização curricular (tempo social); e (5) Formação de educadores da EJA-EPT. As proposições foram apresentadas por representantes de cada GT e inseridas na Carta Compromisso do VI Fórum de EJA do IFSC, documento resultante do evento.
Debate institucional
A chefe do Departamento de EJA e Ensino Médio Integrado da Proen, Ivanir Ribeiro, considera que a retomada dos encontros presenciais nos Fóruns de EJA foi muito importante para o fortalecimento da modalidade. “Nos dois dias de encontro realizamos um amplo debate institucional sobre os caminhos que precisamos traçar para que a oferta de EJA seja, efetivamente, ampliada e contínua no IFSC e para avançarmos no aprimoramento das ações para o acesso e para a permanência dos estudantes contribuindo assim, para diminuir o grande número de pessoas sem formação básica no país e em Santa Catarina. A carta compromisso produzida pelos presentes no Fórum, (docentes, técnicos, gestores, estudantes, instituições parceiras), fortalece nossa luta em defesa da EJA e apresenta caminhos possíveis para o fortalecimento dessa oferta no IFSC”, sintetiza.