CÂMPUS FLORIANÓPOLIS Data de Publicação: 17 mar 2021 07:44 Data de Atualização: 17 mar 2021 10:19
A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que, utilizando métodos seguros, praticamente indolores e não invasivos, emprega materiais radioativos com finalidade diagnóstica e terapêutica. Dentro da Radiologia, os tecnólogos são responsáveis em lidar com esses materiais radioativos – chamados de radiofármacos, para realização de diversos exames, como as cintilografias e tratamentos, como na radioiodoterapia, para tumores na tireoide.
Usada nas mais diversas áreas da medicina, cada aplicação é específica para o paciente e tipo de exame, tratamento. E, por incrível que pareça, os protocolos para cada procedimento estavam “espalhados”, sem uma publicação que reunisse de forma mais didática para estudantes e profissionais. “Minha graduação foi na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) em Canoas (RS), no primeiro curso de tecnólogo do país. Terminei em 2002 e fiz mestrado e doutorado. Eu percebi a dificuldade de encontrar esse material para estudo já no quinto semestre da faculdade. Nós não tínhamos um material para consultar. Tínhamos um rascunho da professora ou de um serviço de medicina nuclear ou outra fonte do tipo, mas nada organizado. Um tinha o protocolo, mas não tinha a indicação, outro tinha a indicação, faltava um detalhe de outra coisa. Tinha até manuscritos”, explica a professora Tatiane Camozzato, do curso superior de Tecnologia em Radiologia do Câmpus Florianópolis.
Vinte anos depois, como professora da disciplina de Medicina Nuclear no IFSC, Tatiane percebeu que o cenário não havia mudado – e esse conhecimento é essencial, uma vez que é o técnologo em Radiologia que prepara o radiofármaco que será aplicado no paciente e faz as imagens, controlando inclusive a agenda da clínica, pois cada exame tem duração, preparo e tempo de coleta de imagens diferentes. Decidida a organizar um livro, ela fez um convite aos alunos e selecionou cinco, ao final e dois egressos que já trabalhavam em uma clínica de Medicina Nuclear – devido à complexidade do trabalho, a publicação levou cerca de quatro anos para ficar pronta e hoje todos são egressos.
Após a pesquisa, Tatiane, Carina Klein Soares, Emanuely Amandia Petry, Gabriela Rocha de Andrade, Jacqueline de Aguiar Soares, Letícia Machado da Silva, Nagela Rosita Conte dos Santos e Vitor Felipe Dutra lançaram o e-book Medicina Nuclear na Prática, pela editora do IFSC. São 237 páginas, onde os protocolos são apresentados por sistemas e com informações sobre indicações clínicas, contraindicações, interações medicamentosas, preparo do paciente, biodistribuição, atividade e método de administração, reações ao radiofármaco, instrumentação, protocolo de aquisição e artefatos.
O e-book é gratuito e está disponível na página de Publicações do IFSC. “Foi um trabalho em equipe, sem os alunos e egressos ele não teria sido possível. Foi um sonho sonhado por um e realizado por uma equipe trabalhadora, dedicada e que acreditou”, destaca Tatiane – e não foi à toa que o livro começa citando uma célebre frase de Toni Morrinson: “Se há um livro que você queira ler, mas ainda não foi escrito, então você deve escrevê-lo”.