CÂMPUS FLORIANÓPOLIS Data de Publicação: 27 jan 2022 12:34 Data de Atualização: 27 jan 2022 15:10
A onda de calor iniciada no dia 12 de janeiro e que deve terminar nesta quinta, 27, registrou temperaturas máximas de até seis graus acima da média histórica de janeiro na região da Grande Florianópolis (confira na tabela abaixo). Apesar de não serem raras, um estudo publicado pela professora Márcia Fuentes, do curso técnico em Meteorologia do Câmpus Florianópolis, mostra que, a partir do ano 2000, as ondas de calor têm ocorrido cada vez mais frequentemente.
“Na meteorologia, existem diversas metodologias para definir o que é uma onda de calor. No estudo da professora Márcia, a metodologia escolhida considera onda de calor uma sequência de três ou mais dias com temperaturas acima da média histórica, considerando-se o desvio padrão”, explica o também professor do curso, Daniel Calearo.
Dentro dessa definição e sendo 28,5ºC a temperatura média de janeiro em Florianópolis, a atual sequência de dias quentes chegou a completar 15 dias, uma das mais longas na região, comparando com o estudo de Fuentes. Até 2014, a maior onda de calor havia durado 10 dias.
Calearo alerta para a tendência de aumento na frequência. “O estudo analisou as ondas de calor de 1961 até 2014. Na região Sul, foram 31 em 53 anos e, olhando assim, daria menos de uma por ano. Mas, destas 31, 15, ou seja, praticamente a metade, foram registradas do ano 2000 para a frente, o que já deixa o índice em mais de uma por ano”, destaca o professor.
Bolha e chance de temporal
Calearo explica que a causa da onda de janeiro de 2022 é uma situação de estado estacionário (também chamado de bloqueio atmosférico), quando a atmosfera não consegue fazer deslocamentos e vai criando algo como uma redoma, uma bolha sobre a superfície. Um estado estacionário pode ocorrer causando chuvas, ondas de frio ou, como agora, tempo quente e seco. “É como se nada conseguisse passar por essa bolha. As nuvens de chuva chegam, mas evaporam antes de se precipitar devido às altas temperaturas. Nesses dias, essa tendência de ar seco e quente foi também reforçada por uma área de alta pressão. E esse ciclo se autoalimenta”.
Somente ontem, 26, nas áreas mais ao sul da América do Sul, uma frente fria conseguiu romper essa bolha e a tendência, segundo o professor, é que esse choque de temperaturas cause um outro evento extremo, com temporais, ventos fortes e muita chuva. Com a terra seca por tantos dias de estiagem, há risco de alagamentos, pois a água não consegue ser absorvida pelo solo.
Temperaturas máximas entre 1º e 26 de janeiro, em graus Celsius (fonte: Epagri):
01: 30.8
02: 30.6
03: 32.1
04: 27.9
05: 29.7
06: 25.5
07: 25.5
08: 26.9
09: 25.5
10: 26.8
11: 28.3
12: 29.7
13: 28.9
14: 31.3
15: 32.6
16: 32.1
17: 33.9
18: 34.8
19: 32.7
20: 32.7
21: 32.1
22: 31.7
23: 31.7
24: 32.0
25: 32.1
26: 30.2
27 (até 12h): 29,6